quarta-feira, 30 de abril de 2008

Veneza, Gôndolas e outras complicações

Postamos hoje a última das entrevistas a comerciantes locais. Fazemos um balanço positivo das mesmas, pois estas não só possibilitaram uma interacção próxima com os comerciantes, como contribuíram com uma enorme quantidade de gargalhadas para o blog.
Fiquem então com o café "Veneza":

G- Grupo ______ C- Comerciante ______ [ ... ] - comentários do grupo


G – Bom dia.
C – Olá, bom dia.
G – Como classifica a situação económica actual na nossa localidade?
C –Penso que a situação económica não é das melhores e muito menos nesta altura do ano, atendendo que estamos a falar de um comercio sazonal que funciona 3 ou 4 meses por ano. O resto do tempo é mais fraco e estamos agora num período menos bom, Novembro, o que é mais complicado. Mas numa maneira geral acho que a situação económica não está boa, nem a nível local nem a nível nacional, pois o endividamento é grande, as pessoas cada vez recorrem mais aos créditos, os ordenados pouco ou nada aumentam e a vida não está boa.
G – Então pode-se comparar a situação nacional com o que se sucede em Tavira?
C – Penso que sim. [ Sim, e não o contrário. Tavira é uma das cidades mais importantes do Mundo e, quiçá, da Europa...]
G – Nem Tavira escapa à média…
G – Claro que não. [ Nem Tavira, nem nós. Calem-se ó bêbedos!]
G – Acha que esta remodelação na baixa da cidade beneficiou ou afectou o comércio?
C – Foi boa, de uma forma geral sim, atendendo que Tavira ficou mais bonita e passou a atrair muitas pessoas de fora. Mas é como estava a dizer, o comércio em Tavira é sazonal e funciona bem em certos períodos, mas de uma forma geral a remodelação que foi feita foi muito boa. Ficou completamente diferente. No meu caso específico sinto ainda mais algumas diferenças, atendendo a que as pessoas não têm onde deixar o carro para vir beber café. Antes paravam à porta, vinham beber um café e iam-se embora, agora… mas regra geral foi bom.
G – Não ter sítio para deixar o carro é um contra? [ Uii, agora a perspicácia foi toda nossa. Não é preciso aplaudir. ]
C – Sim, muito grande para toda a baixa em geral, porque na baixa não há um parque de estacionamento, seja para vir a um café, seja para uma loja ou outra coisa qualquer e isso é muito mau. Ninguém vai deixar o carro a metros de distância para vir ao meu café. [ A metro…ainda vá que não vá. A metros… já ninguém está para andar tanto. ]
G – Como disse, o comércio é sazonal, mas estando em Novembro ainda se verifica muito movimento turístico?
C – Não, não há muito movimento, é apenas o normal para esta época do ano e relativamente ao ano anterior há até menos. [ Facto: Tavira tem défice de estrangeiras no mês de Novembro. ]
G – O que ainda lucra mais nesta altura são os hotéis…
C – Claro, mas mesmo as pessoas que estão em hotéis não saem para vir à baixa beber café. Ficam cá na cidade só para dormir, pois maior parte dessas pessoas preferem ir a Espanha, ou a uma excursão a faro ou jogar golfe. À baixa é que não vêm.
G – Em relação ao passado, a situação está melhor ou pior?
C – Está pior: Eu acho que desde que a moeda mudou, isto tem descido gradualmente todos os anos, atendendo que as coisas aumentaram muito e os salários não acompanharam este aumento de forma alguma, além de que em cada ano que passa o custo vai aumentando ainda mais.
G – E mesmo com a situação a piorar, vale a pena investir?
C – Investir vale sempre, porque senão investirmos aí é que isto acaba.
G – Pois. Quanto ao aparecimento do novo centro comercial, acha que o seu estabelecimento vai ser afectado?
C – Não, pelo contrário. Acho que vai ser muito bom.
G – Atrai mais pessoas.
C – Claro.
G – No entanto, não é uma opinião partilhada por muitos. Voltando atrás, trabalhar à noite nesta altura do ano não compensa?
C – Não, porque à baixa nesta altura do ano ninguém vem e não há residentes por perto. Então temos de fechar porque não compensa. No momento em que a câmara e o comércio fecham, não se vê ninguém na cidade. Já no verão compensa, porque vêm muitas pessoas de fora, e até da cidade, à baixa beber café.
G – Pensa que isto vai melhorar?
C – Eu sou uma pessoa por natureza optimista. Penso que sim, que vai estar melhor do que está hoje. [ E nós somos pessoas por natureza dotados de uma parvoíce superior.]
G – Ok. Obrigado e boa tarde.
C – De nada. Adeus.


P.S: a identificação do estabelecimento/indivíduo entrevistado foi consentida pelo mesmo.

´inté. Divirtam-se.

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